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Veterinário no supermercado?


Publicado em: 00/00/0000 00:00 | Categoria: Geral

 


Uma das áreas de atuação do Médico Veterinário é a responsabilidade técnica de comércio varejista e atacadista de alimentos de origem animal, como supermercados. Poucos profissionais se interessam pela área, entretanto, é um mercado de trabalho promissor. A pergunta que 100% dos leigos fazem é: o que um Médico Veterinário faz no supermercado? 

 

De acordo com a Méd. Vet. Maria Alzira Coutinho Montenegro, Responsável Técnica (RT) do Grupo Pão de Açúcar em Goiânia, há 12 anos, o exercício está basicamente ligado à gestão de Boas Práticas de Fabricação (BPF) e isso inclui: recebimento, armazenamento, manipulação, exposição de mercadorias, controle de pragas, escolha adequada dos produtos de limpeza e treinamento de pessoal. “A presença do Médico Veterinário é importante no estabelecimento e resguarda o consumidor”, ressaltou ela ao mencionar as etapas em sua rotina diária. Vale lembrar que cerca de 60% dos patógenos e 75% das enfermidades emergentes humanas são de origem animal, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS).

 

Treinamento de pessoal

 

O Médico Veterinário não fica em tempo integral no estabelecimento, entretanto, ele é o responsável por treinar os colaboradores encarregados de receber, armazenar e manipular os alimentos de origem animal. Na hora do recebimento é preciso checar a temperatura, a limpeza do caminhão e a validade dos produtos. Na etapa de armazenamento examina-se a temperatura, o empilhamento e a validade, para certificar-se que haverá giro dos produtos e não “quebras”, ou seja, inutilização de mercadorias impróprias para o consumo ou vencidas, o que significa prejuízo para o empresário.

 

Quando o assunto é manipulação de alimentos, é importante verificar a temperatura do ambiente, sanitização de equipamentos e utensílios, uso correto do uniforme, touca e luvas descartáveis, embalagens e a proibição do uso de adornos e celulares. É rotina do RT ter “jogo de cintura” para abordar o assunto e treinar os funcionários que atuam no setor de manipulação de alimentos.

 

No momento da exposição dos produtos é fundamental verificar novamente a temperatura, validade, rotulagem e o bom funcionamento dos expositores. Os rótulos precisam estar de acordo com a legislação.

 

A escolha dos fornecedores é muito importante já que o consumidor está cada dia mais atento sobre empresas que respeitam o meio ambiente. Quanto ao controle de pragas, o trabalho deve ser executado por empresa terceirizada e credenciada. Os produtos utilizados para esse fim são específicos para uso em áreas que manipulam alimentos e o RT deve ficar atento quanto à regularidade e eficiência do serviço. A água é analisada a cada seis meses, uma grande preocupação do RT de supermercados para evitar a contaminação dos alimentos.

 

Ambiente limpo

 

O treinamento de funcionários engloba desde o faxineiro até os gerentes, como explica a Médica Veterinária. “Toda a equipe é informada e cobrada sobre as Boas Práticas de Manipulação e as punições previstas para quem descumpre a legislação”. “Uma migalha no chão é insignificante para nós, mas é um banquete para uma barata”, alertou Maria Alzira sobre a limpeza do espaço. Os supermercados são fiscalizados pelo Procon, Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), Vigilância Sanitária, entre outros.

 

A também Méd. Vet. Clésia Pereira de Melo Rodrigues da Cunha, do Extra de Goiânia, há cinco anos, ressaltou que os profissionais que se interessam pela área devem gostar do tipo de ocupação e buscar informações sobre boas práticas de fabricação, inspeção de alimentos e gestão de pessoas. É um trabalho minucioso que exige paciência, cuidado, percepção para os detalhes e muito entrosamento com a equipe. “Temos de consultar até mesmo os atestados médicos dos funcionários para averiguar se determinada doença vai comprometer as tarefas, especialmente quando o assunto é manipulação de alimentos”, acrescentou ela.

 

Papel estratégico

 

O papel do Médico Veterinário nos supermercados tem o caráter de orientação, embora esteja relacionado com punição por parte da equipe. Os colaboradores sempre brincam quando Maria Alzira e Clésia chegam ao local de trabalho: “a polícia está na área”. Informar que a segurança do consumidor depende da sintonia dessa equipe treinada e atenta é uma das funções estratégicas do Médico Veterinário que atua nos supermercados. A eficiência do grupo pode representar a diferença entre a vida e a morte de alguém, dependendo do nível de intoxicação alimentar e da debilidade do consumidor.

 

É importante que o profissional se resguarde com preenchimento do Livro Ata e envio de relatórios aos gerentes da área, além de treinamento constante da equipe. O proprietário do estabelecimento valoriza o ofício do Médico Veterinário quando percebe que seu lucro aumenta porque as perdas dos alimentos são mínimas e o giro é eficiente, com segurança para o consumidor. O assunto é crucial em tempos de redes sociais em que as falhas implicam em grande visibilidade, fatos desastrosos que já ocorreram em empresas de todo o Brasil, gerando interdição ou mesmo fechamento de vários locais.

 

 

 

Consulte

 

Lei n° 7.889 de 23/11/1989 – Dispõe sobre inspeção sanitária e industrial de produtos de origem animal, e dá outras providências.

 

Lei 8.078 de 11/09/1990 – Dispõe sobre proteção do consumidor, e dá outras providências.

 

Portaria SVS/MS n° 326 de 30/07/1997 – Regulamento Técnico sobre as Condições Higiênico-Sanitárias e Boas Práticas de Fabricação para Estabelecimentos Produtores/ Industrializadores de Alimentos.

 

Resolução da Diretoria Colegiada (RDC)/Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) n° 216 de 15 de setembro de 2004 – Dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação.

 

Manual de Responsabilidade Técnica do CRMV-GO – edição 2015.


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