Nos últimos anos, a medicina regenerativa vem ganhando espaço na medicina veterinária convencional. Dentro dessa área inovadora, a terapia com Células-tronco Mesenquimais (CTM) tem se mostrado uma alternativa importante e, quando devidamente indicada, apresenta resultados que podem variar desde uma melhora na qualidade de vida do paciente até a cura em alguns casos.

O que são células-tronco?

São células com capacidade de se multiplicar e adquirir a funcionalidade de qualquer tecido, promovendo o restabelecimento do órgão/lesão, tanto sob o aspecto estrutural como funcional. As células-tronco possuem três características fundamentais que a distinguem de outros tipos celulares:

·            São células indiferenciadas, ou seja, não comprometidas com nenhuma linhagem celular e, portanto ainda sem função específica; uma célula "neutra";

·         Sob certas condições, podem ser induzidas a diferenciar-se, ou seja, tornarem-se células com funções especializadas. Por exemplo, uma célula-tronco que recebe estímulo para se transformar em uma célula muscular ou uma célula óssea.

·            São células com capacidade de autorrenovação, gerando células-filhas idênticas à célula-mãe, ou seja, células-tronco dão origem a novas células tronco que mantém o potencial de se multiplicar e de se diferenciar.

De acordo com sua origem, as células-tronco são divididas basicamente em dois grupos: células-tronco embrionárias (obtidas durante o estágio embrionário de blastocisto) e células-tronco adultas (obtidas de tecidos adultos formados). Este segundo grupo, pode ainda ser dividido em dois grupos principais: células-tronco hematopoiéticas (CTH) e células-tronco mesenquimais (CTM). O tipo de células utilizadas pela Regenera são as mesenquimais.

As CTM podem ser obtidas através de diversas fontes como parede do cordão umbilical, porção estromal da medula óssea, polpa dentária, tecido adiposo, entre outras. São células consideradas multipotentes, ou seja, apresentam potencial de se diferenciar nos mais variados tecidos do organismo, como por exemplo, tecido muscular, nervoso, cartilaginoso, ósseo, etc.

Diferentemente das CTE, as CTM não fazem uso de embriões como material biológico, contornando assim as questões éticas, legislativas e culturais envolvidas. Além disso, o avanço tecnológico tem ajudado a visualizar o real potencial da utilização terapêutica das CTM, e a sua capacidade de regeneração de tecidos danificados está sendo amplamente estudada em animais, bem como o desenvolvimento de protocolos terapêuticos seguros já é realidade em vários países.

Na medicina veterinária regenerativa a fonte de CTM mais utilizada é o tecido adiposo. Algumas fontes são consideradas mais valiosas que outras devido a sua fácil acessibilidade, abundância, propriedades de autorrenovação, plasticidade e capacidade de proliferar e diferenciar-se. Sendo assim, a Regenera utiliza hoje, preferencialmente, o tecido adiposo como fonte para terapia celular.

Quais as doenças que podem ser tratadas?

Atualmente, a Regenera - empresa de biotecnologia de São Paulo -, realiza tratamento para:

• Sequelas da Cinomose (somente cães):

As células são capazes de se transdiferenciarem em neurônios, diminuírem a apoptose neuronal e a proliferação de astrócitos, estimularem a produção endógena de oligodendrócitos e agirem diretamente na bainha de mielina promovendo a mielinização dos oligodendrócitos lesionados.

• Osteoartrites e Osteoartroses:

As células-tronco Mesenquimais possuem uma forte e prolongada ação anti-inflamatória na articulação, promovem um aumento na produção de líquido sinovial além de exercerem ação antiapoptótica, retardando o processo articular degenerativo.

• Falhas e Fraturas Ósseas:

As células-tronco Mesenquimais, quando estimuladas por nichos especializados como falhas ou fraturas ósseas, têm uma ação osteogênica importante e são capazes de se diferenciarem em osteoblastos, os quais promovem de forma acelerada uma neoformação óssea com aumento de densidade do tecido, resultando na consolidação da fratura ou falha.

• Lesões Tendíneas e Ligamentares:

As células promovem uma aceleração no processo de recuperação do tendão/ligamento, evitando a formação de tecido cicatricial e acelerando o retorno às atividades normais do animal. Ocorre um aumento na densidade e organização das fibras tendíneas, reduzindo a chance de aumento dos componentes-chave da matriz extracelular, fortalecendo a resistência à tração.

• Aplasia e Hipoplasia de Medula:

As células-tronco ajudam na repopulação da medula óssea através de estímulos à hematopoiese endógena, restabelecendo a produção normal das linhagens celulares comprometidas. Existe também uma potente ação imonomodulatória e anti-inflamatória que aumentam significativamente o número de células sadias, prevenindo a diferenciação e mantendo uma população de células progenitoras. A liberação de citocinas também inibe a apoptose e regula funções como autorrenovação e quiescência celular.

• Doença Renal Aguda e Crônica:

As Células -tronco Mesenquimais auxiliam na regeneração tubular, glomerular, intersticial e vascular. Atenuam a fibrose renal,?promovem angiogênese e retardam a perda sequencial dos néfrons por sua ação antiapoptótica. Essas ações promovem uma melhora clínica geral, refletida em mais disposição e melhor apetite, fazendo com que grande parte dos animais tratados volte a apresentar um comportamento normal.

• Ceratoconjuntivite Seca ("Olho seco"):

As Células-tronco Mesenquimais secretam moléculas bioativas que agem de forma imunomodulatória nas glândulas lacrimais. Essa ação, aliada ao reparo tecidual estimulado pelas Células Tronco intrínsecas, permitem que as glândulas lacrimais voltem a ter funcionalidade, tornando-as ativas.

• Úlcera de córnea:

O potencial angiogênico das células-tronco Mesenquimais permite que seja criada uma  neovascularização na córnea, a qual contribuirá diretamente com o processo de reepitelização do tecido corneano. Após a cicatrização completa da ulceração, os vasos são reabsorvidos, devolvendo a transparência da córnea e restabelecendo suas funções normais.

• Traumas Medulares (Discopatias em geral):

A contribuição anti-inflamatória, angiogênica e antiapoptótica das células tronco permitem que os animais em condição de discopatia tenham um retorno mais rápido às atividades, restabelecendo com maior facilidade o tônus muscular, favorecendo a reabilitação. A ação antifibrótica reduz a formação da cicatriz glial e da membrana de laminectomia acelerando a recuperação dos pacientes. Ademais, estas células são capazes de diferenciar em neurônios e promover uma remielinização dos oligodendrócitos.

• Dermatite Atópica.

Como funciona o tratamento com células-tronco?

A Regenera Stem Cells possui um banco de células provenientes de animais doadores, o que possibilita a disponibilidade imediata do tratamento e preserva o paciente, dispensando-o da realização de procedimentos para retirada de células tronco e deslocamentos a outras cidades. Em geral são realizadas de 1 a 3 aplicações de células-tronco em intervalo médio de 30 dias. O médico veterinário credenciado pela Regenera avalia o paciente e então utiliza de maneira ética e segura o protocolo desenvolvido pela Regenera Stem Cells.

A Méd. Vet. Michele Andrade de Barros, da Regenera, esteve em Goiânia dias 26 e 27 de setembro de 2015 para o curso “Células tronco: expectativas terapêuticas”, promovido pela Associação Nacional dos Clínicos Veterinários de Pequenos Animais – seção Goiás (Anclivepa-GO). O evento foi realizado no auditório do CRMV-GO.